quinta-feira, 12 de novembro de 2009



por onde escapa o mistério
fendas toscadas com fogo
a pele adaptada e ainda livre
dança de purificação
dança do livre sentir
enquanto me liberto de meu corpo
e ele me segue até ultrapassar-me
torno a mergulhar-lhe
a amá-lo, habitá-lo
descobri-lo contendo-me em si
existo
espanto-me
porque todo esse movimento de existir
é premeditar o silencio
e estar calado
diante de si
Diante da floresta sagrada
que habitamos ao nos habitar
Com a força dos seres que me acompanham
com o reconhecimento do que há em mim
empunho a lâmina encantada
e abro o caminho por onde somente eu posso caminhar
e ao descobrir-me eternamente una e solitária
posso reconhecer em mim o que é ser inteira
e assim posso viver em cada dia
a liberdade e a graça
compartilhar-me
emocionar-me com o toque
que me chega como o primeiro
e se vai como o último
contemplar a existência dos seres que amo infinitamente
e celebrar a alegria de tê-los encontrado
e com a calma de um maracujá
não me distanciar de meu caminho
nem por amor, nem por grande tristeza
que assim como me vem leves e livres como rios
também tenho corredeira
e no amor sempre os levo comigo
e sou o mistério que por mim escapa e vive e flui sem fim

Um mar sobre o tempo
Respingando sobre nossa orla
Uma tempestade sem pudor
E sem morais mentiras
se formou
É esse ventar livre do desejo
a provocar transformação





A cidade está cheia de leões
adormecidos à chaves de magia.
Com tristeza vejo nossos
guardiões cobertos de
esquecimento.
Sinto-me parte do poder
que envolve tudo
o que
posso ver.

terça-feira, 3 de novembro de 2009





não quero muitas

e nem poucas palavras,

não quero defiunições

e nem quero sentenças,

quero apenas caminhar com sede

e ouvir-me silenciosamente,

enquanto atravesso

essa vida em tumulto,

esse alarde,

essa insana busca de tudo

para o nada que eu preciso.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Raizes


Enchi a mão com a água das lágrimas,
Não para bebê-las ou para lavar com água derramada os olhos
Reguei a terra dos meus pés,
Fortifiquei com lágrimas que não quero derramar nunca mais,
As raízes, meu saber e meu sentir.

Selva

Nas profundezas de minhas paixões sinceras,
Onde não existe o ecoar das palavras,
Mora a minha força mais bruta,
Cada vez que me abala a dúvida,
Com os poros em descompasso,
Eu sei que ela esta viva.
Devo dizer que estou livre apenas onde não há palavras.
Devo dizer que aperto, eu mesma, minhas amarras,
Cada vez que explico o que dizem os meus olhos,
Cada vez que corro para longe de mim,
Cada vez que falam mais alto os contratos.
E eu sou uma selva,
Sou a mesma mata serena
Que amedronta ao cantar da lua,
Sou uma deusa plena que tem medo de ser nua.
Estou procurando velas para não estar sem trilha
E apago com paixão velas e brasas,
Para não deixar de ser selva,
Nunca.